segunda-feira, 15 de março de 2010

Vasco Lourenço critica "demagogia" sobre antigos combatentes

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O presidente da Associação 25 de Abril criticou hoje, em entrevista à agência Lusa, a ideia de uma eventual trasladação de restos mortais dos combatentes portugueses caídos na guerra colonial.
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Segundo o coronel Vasco Lourenço, "se houver familiares que façam muita questão de que os seus familiares lá mortos regressem não vejo nada em contrário. Não me parece é que seja um desígnio do Estado português fazer uma campanha para que regressem todos, principalmente quando se entra na demagogia".
Na semana passada, o candidato presidencial Manuel Alegre tinha visitado Nambuangongo, em Angola, e afirmara na ocasião que tencionava, caso seja eleito, promover a trasladação para Portugal dos restos mortais dos combatentes portugueses aí sepultados.
Vasco Lourenço não nomeou especificamente o candidato Manuel Alegre nas suas declarações, mas afirmou: "Não sou adepto dessa campanha que se tem feito à volta disso". E acrescentou que, em sua opinião, há uma "exploração demagógica que muitas vezes se faz à volta desse assunto (...) principalmente porque se está a explorar demagogicamente e em termos públicos situações graves e dramáticas que se viveram"
Ainda segundo aquele militar de Abril, "o local mais próprio" para sepultar os mortos da guerra é aquele "onde morreram em combate". Vasco Lourenço propôs, pelo contrário, um empenhamento do Estado português para que "haja lá cemitérios em condições para quem acredita no culto dos mortos e se chegue a acordo com os novos países independentes para que possam ser tratados com decência"
O secretário de Estado da Defesa e dos Assuntos do Mar, Marcos Perestrello, respondeu a Vasco Lourenço que o Governo tem colaborado sobre este tema com a Liga dos Combatentes e o que "a Liga procura fazer é precisamente isso. É dignificar os locais onde os combatentes tombaram, recuperar os cemitérios e as campas onde estão sepultados".
Segundo Perestrelo, os militares portugueses caídos na guerra colonial "foram homens que morreram ao serviço do Estado Português e por isso devem ser garantidas condições dignas para as suas sepulturas. Esse é o objetivo primordial, e a esmagadora maioria ficam nos locais".
Entretanto, também em declarações à Lusa, Vasco Lourenço tinha deplorado a omissão que se verifica sobre a revolução dos cravos nas comemorações em curso sobre o centenário da República. Ainda segundo Vasco Lourenço, o símbolo da República deveria passar a incluir um cravo, visto que a revolução dos cravos foi o acontecimento fundador da Segunda República.
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in: RTP Notícias,10:52, 15 Março 2010
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